terça-feira, 13 de novembro de 2018

Chapa 4 é o Povo no Conselho Deliberativo do INTER!!!


Meu nome é Daniel Rech, faço parte da nominata da “Chapa 04 – O Povo do Clube” na eleição para o Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional. Vou tomar a liberdade de apresentar bem resumidamente a relação da história da minha família com o Inter e traçar um paralelo dessa história com o movimento “O Povo do Clube”.

Meu avô nasceu na localidade de São Marcos, na Serra Gaúcha. Teve 11 irmãos, todos torcedores do Grêmio. Em determinado momento de sua vida, quando criança, lembra de seus irmãos, em dias de grenal, repetirem que jogariam contra o time dos crioulos, de forma obviamente pejorativa. Meu avô conta que se sentia muito mal com isso e, naturalmente, passou a torcer pro Internacional. Correram os anos e meu avô foi pai e criou 8 filhos, todos colorados, e esses lhes deram vários netos, praticamente todos colorados, inclusive eu. Tenho muito orgulho dessa história.

Meu avô e alguns de seus descendentes

Aniversário de 90 anos de meu avô


Há milhares de histórias semelhantes espalhadas por aí. Certamente cada um que está lendo esse texto conhece alguma.

Juntando tantas histórias de vida como essas com a conhecida história inclusiva do clube e com a fabulosa história da construção do Gigante da Beira-Rio, o maior estádio particular do Mundo na época, levantado em um aterro com a ajuda de torcedores, os quais doaram tijolo por tijolo da obra, percebe-se claramente que a essência do Internacional é seu torcedor, especialmente o mais humilde, que sempre se sentiu em casa no Beira-Rio, pois está no DNA do Internacional a diversidade, a abertura e a inclusão. A alma do Internacional é o povo do Internacional.

Em tempos mais recentes, com o que se chamou de “profissionalização” do futebol, os dirigentes acabaram se focando apenas nas receitas, de forma absolutamente pragmática, o que acabou gerando uma clara elitização do futebol (no Brasil e no mundo) e o fechamento dos estádios ao público de baixa renda, o que, a meu ver, para clubes como o Internacional, é desastroso, pois como disse, a alma e a essência do Inter está no seu povo, na inclusão e na diversidade da sua torcida.

E é exatamente nesse contexto que surgiu o movimento “O Povo do Clube”, um movimento que emergiu das arquibancadas do Beira-Rio com o intuito principal de promover justiça e devolver ao povo que cresceu chorando e vibrando com o Inter o direito de assistir ao seu time no estádio. Foram anos de luta até a primeira grande conquista, que foi a implementação do plano “Sócio Academia do Povo”, uma modalidade de associação com ingressos a R$ 10,00, exclusivo para pessoas de baixa renda, que fez com que pudéssemos ver imagens como essa do vídeo abaixo, impagáveis, que falam por si:



Quero deixar registrado também o protagonismo desempenhado pelos integrantes do movimento “O Povo do Clube” na fiscalização do clube, desde que o movimento conquistou suas primeiras cadeiras no Conselho, tendo desempenhado papel fundamental para o prosseguimento das investigações e andamento das denúncias contra o ex-Presidente Vitório Piffero, mesmo antes da queda do Internacional para a segunda divisão. Vale lembrar que há poucos anos seria inimaginável esse tipo de processo de investigação interna de dirigentes nos grandes clubes do futebol brasileiro. No Inter, mesmo contra todas as tendências, a investigação ocorreu e os frutos desse trabalho serão imensuráveis.

E é exatamente para que possamos continuar essa árdua batalha que peço a todos um voto de confiança na eleição do Conselho Deliberativo do Inter na Capa 4. Lembro também que, mesmo com resultados claramente positivos da atual gestão no futebol, é muito importante que haja diversidade no Conselho Deliberativo, para que possam se somar ideias e pontos de vista distintos, levando o clube a crescer cada vez mais, além de ser obviamente saudável que o Conselho atue de forma enérgica na fiscalização das ações de todos os departamentos do clube. Todos só têm a ganhar com isso.

Temos ainda muito nítida a lembrança do que aconteceu com o clube no período da última gestão que trabalhou com maioria absoluta do Conselho Deliberativo ao seu lado. Estou certo de que aprendemos que a “uniformidade” de ideias e a “cumplicidade plena” entre Direção e Conselho podem ser catastróficas.

Então, resumidamente, é isso que gostaria de passar. Peço a todos que compactuam e acreditam nessas ideias, que possam nos ajudar a levá-las adiante também. Vamos construir um clube cada vez maior e cada vez mais popular. Viva o Sport Club Internacional!!! Viva o Clube do Povo do Rio Grande do Sul!!!




Para conhecer um pouco mais sobre as ações e sobre a história do movimento “O Povo do Clube”, acesse a página do movimento no facebook, no link a seguir:


Para informações sobre as eleições, principalmente em relação aos procedimentos para votação, acesse a seção de eleições no site oficial do Inter, no link abaixo:
Nestas eleições será possível inclusive a votação por aplicativo de celular, desde que o sócio faça a prévia adesão para esse tipo de votação. Fique esperto com relação às datas e prazos.


SAUDAÇÕES COLORADAS A TODOS!!!


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Você realmente é um eleitor do Bolsonaro? Faça o teste!




Uma breve introdução para contextualizar:

O plano era perfeito. Primeiro se encontraria um pretexto qualquer para retirar a Presidente eleita do cargo, após se montaria um governo de ampla maioria, a economia voltaria a crescer com base em medidas amargas para o trabalhador assalariado e a popularidade do governo cresceria. A partir daí bastava prender o candidato mais competitivo da esquerda para impedir que o mesmo disputasse a eleição e, após isso, a eleição de um candidato moderado que agradasse o mercado e continuasse as medidas de austeridade do governo Temer seria o movimento natural.

Por milhares de motivos, que não vêm ao caso agora, o plano deu todo errado.

Como efeito colateral dessa aventura, se criou um monstro terrível. Racismo, misoginia, homofobia, machismo, violência… Jair Bolsonaro é a cara de uma parte da nossa elite retrógrada, egoísta, ignorante e hipócrita.

Esse candidato fez mais de 49 milhões de votos no primeiro turno da eleição. Definitivamente, não pode haver no Brasil 49 milhões de pessoas que compactuam com esses valores. Eu mesmo conheço boas pessoas, pessoas que amo, que votaram nessa monstruosidade, muito mais por medo e por um ódio insano que foi disseminado por anos do que propriamente por qualquer lógica racional. Esse ódio dificulta que enxerguemos a gravidade do que está por acontecer.

Se você compactua com os ideais do Bolsonaro, deve mesmo votar nele, pois afinal, assim que deve funcionar a democracia, mas se não, talvez deva refletir um pouco. E como saber se você realmente compactua ou se você está apenas sendo iludido por essa onda de insanidade maluca que tomou conta do país?

Desenvolvi um teste muito simples para isso, que consiste no seguinte:

Chame alguma criança que você ama para junto de você (filho, neto, afiliado, sobrinho...) e assista, ao lado dessa criança, o vídeo que colocarei abaixo, inteiro, são apenas 5 minutos.

Ao final do vídeo, olhe bem nos olhos dessa criança e diga: - Eu votarei nesse homem para ser Presidente do Brasil!!!

Se você conseguir dizer isso sem constrangimento ou vergonha, então vote no Bolsonaro. Mas, se você não conseguir dizer isso para a criança inocente ou sequer consiga chegar ao final do vídeo, talvez você não devesse votar nesse candidato, sob pena de talvez se arrepender muito das consequências futuras dessa atitude.

Segue o vídeo:



Sobre o segundo turno dessas eleições, em que pese todos os erros e rejeição ao PT, o Fernando Haddad foi um bom Ministro da Educação e um bom Prefeito, mas o mais importante mesmo é que é uma pessoa CIVILIZADA.

Essa eleição não se define a direita contra esquerda, ou a uma disputa de extremos, como parte da mídia maldosamente faz questão de colocar. Essa eleição é uma disputa entre civilização e barbárie, entre a esperança e o medo. E, se você escolheu o lado da civilização, não é hora de ficar quieto assistindo às atrocidades que estão acontecendo.

Como o vídeo anterior deve ter chocado alguns, vou encerrar o texto com um vídeo bem mais leve,da nova música do Nando Reis. A letra é primorosa. Segue o link abaixo.

Desejo a todos muita PAZ no coração!!!




Rock 'n' Roll
(Nando Reis)

Em algum momento, virou o tempo
Um deslizamento derramou cimento
Entre a loucura e a razão
Já não há silêncio, tudo é barulhento
Muito movimento, pouco pensamento
Sobra opinião


Todos similares
Carregam nas mãos seus celulares
Rostos singulares
Se tornam vulgares em meio à multidão
Mas eu ainda canto meu rock 'n' roll
Eu ainda canto meu rock 'n' roll

Detritos nos mares, nos rios, nos lagos
Todos infestados com enxofre, chumbo e ácido
O imundo licor preto
Garrafas pet, cápsulas de Nespresso
Como espectros, durante séculos
Vagarão boiando pelos oceanos seus esqueletos

Não há nenhum ninho
Na grande ilha de lixo do Pacífico
Como um urso polar
Flutuando num bloco de gelo à beira da extinção
Eu ainda canto meu rock 'n' roll
Eu ainda canto meu rock 'n' roll

Conservadores e liberais usam as redes sociais
Pra divulgar os seus boçais ideais medievais
Como se fossem os dez novos mandamentos

Em presídios superlotados
Homens trancafiados, sendo decapitados
Seus corações arrancados
Já não causam mais nenhum estranhamento

Perdeu seu emprego
Quando revelaram seu segredo
Morrendo de medo
Foi crucificado com desprezo como um traidor
Mas ele ainda tem o seu rock 'n' roll
Ele ainda tem o seu rock 'n' roll

Pastores e censores, delatores, promotores
Senadores, corruptores, grandes trocas de favores
Na maior hipocrisia e desfaçatez
As transações tenebrosas das obras portentosas
Roubam somas vultosas bocas gananciosas
Esperando cada uma a sua vez

É crime o aborto
Mas não o é o roubo de um bilhão
Por um pacote de biscoitos
Ele passou mais de 20 anos na prisão
Mas ele ainda tem o seu rock 'n' roll
Ele ainda tem o seu rock 'n' roll

Todos de vermelho comungam de joelho
São fartos em conselhos, mas não olham pro espelho
Evitando o constrangimento da própria contradição
Vaca amarela guardou a panela
E a camisa amarela saiu da janela
Onde foi parar aquela balela da fúria e da indignação?


Não tenho as certezas
Dos hinos que grita a multidão
Mas finco a bandeira
Do arco-íris, viva a liberdade de expressão
Sertanejo, gospel, hip-hop, choro
Samba, funk e pagode, rap, rock 'n roll

A polícia dos costumes, chafurdada no estrume
Manipula seu o cardume, acendendo o vaga-lume
Aumentando o volume da sirene odiosa da repressão
Uma mão na bíblia, outra no coldre, repetindo seu slogan
Dente por dente, olho por olho
Bandido bom, bandido morto
Parece um contrassenso o argumento que armamento é proteção


Tudo é transgênico
No alimento que comemos
Mas negros, travestis e transgêneros
São assassinados, humilhados e tratados com discriminação

Com eles que eu canto esse rock 'n' roll
É com eles que eu canto esse rock 'n' roll

Toda nudez é inocente, até que a mente indecente
Dessa gente doente, de língua maledicente
Transforme a inocência da nudez da gente somente em perversão
Se Deus fosse consultado, qual seria o resultado?
Escolheria algum dos lados dos inimigos tresloucados
Lunáticos, fanáticos por suas crenças ou pela religião?

Uns creem no Gênesis
Outros na teoria da evolução
Buscando sossego, ele lê os gregos
Hesíodo e Platão
Mas eu ainda tenho meu rock 'n' roll
Eu ainda tenho meu rock 'n' roll

Na primavera, me disse a Vera
Eu vou, não me espera
Abriu-se uma cratera onde havia terra
Ela era a atmosfera e o meu chão
E eu sonho com ela, eu preciso dela
Sou louco por ela, a vida sem ela
É incongruência, desolação

O mundo não é mais o mesmo em que eu nasci
Mas eu continuo curando a tristeza
Com a beleza de uma canção

Por isso eu ainda canto meu rock 'n' roll
Eu ainda canto meu rock 'n' roll
Eu canto, eu canto o meu rock 'n' roll
Eu ainda canto, eu canto meu rock 'n' roll

E eu ainda canto, eu canto, eu canto rock 'n' roll
E eu ainda canto, eu canto, eu canto

terça-feira, 5 de junho de 2018

INTERVENÇÃO MILITAR? Não seja ingênuo!




A recente greve dos caminhoneiros trouxe à tona, mais uma vez, o assunto “intervenção militar”, como uma possível medida para retirar o atual Presidente do posto.

Mas pedir ou falar ou pensar em “golpe militar” nesse momento só beneficia a uma pessoa, exatamente ao Sr. Michel Temer, a mais execrável personalidade política da história da República, de acordo com o jornalista Luis Nassif. Falar em “intervenção militar” passa a sensação de que atualmente vivemos em condições de normalidade institucional plena, o que, definitivamente, não é verdade. Vamos aos fatos:

O Sr. Michel Temer chegou à Presidência através de um golpe. Embora até hoje haja todo o tipo de acrobacias teóricas para contestar essa tese, ela é absolutamente clara, uma vez que a manobra que cassou o mandato da Presidente eleita e levou Temer ao poder foi executada a partir de mudanças de conceitos legais e entendimentos históricos de tribunais, órgãos de controle, parlamento e instituições diversas. Mas não é esse o foco do texto, uma vez que esse assunto já foi bastante debatido. O foco é o que aconteceu após a posse do Sr. Michel Temer na Presidência.

Primeiramente, houve forte repressão aos movimentos que pediam a saída do ilegítimo Presidente. Em seguida, começaram a ser empurradas, em parceria com grande parte do Congresso, medidas e emendas à Constituição totalmente contrárias ao plano de governo vencedor nas urnas, medidas essas que privilegiam grandes empresários e especuladores financeiros, em detrimento da grande maioria dos brasileiros.

A PEC 241 congelou os gastos públicos por 20 anos, incluindo nesse congelamento setores importantes e já precários, como saúde e educação. Na prática, considerando o crescimento demográfico e as variações de receitas da União, significa a total impossibilidade de qualquer governo, pelos próximos 20 anos, aumentar investimentos em saúde ou educação, e pior ainda, significa a diminuição de recursos em relação ao que é investido atualmente. Isso, infelizmente, significa mais exclusão social, aumento da mortalidade infantil e mais mortes nas filas de postos de saúde e hospitais.

Seguiu-se e então com a tal “Reforma Trabalhista”, apresentada e votada em um tempo inacreditavelmente curto, sem discussão nenhuma com a sociedade e atropelando a oposição no Congresso. Essa atrocidade retirou direitos históricos consagrados dos trabalhadores brasileiros, permitindo a terceirização da atividade fim de uma empresa, trabalhos precários, trabalho de gestantes em ambientes insalubres dentre outras abominações. O projeto de Lei do executivo foi aprovado com facilidade na Câmara.  Os senadores, mesmo percebendo e apontando as desumanidades do projeto, não apresentaram emendas, dessa forma o texto não precisou retornar à Câmara e foi aprovado integralmente. Na prática, significa condições precárias e desumanas de trabalho, uma verdadeira tortura de milhões de pessoas por muitos anos. Essa insanidade levou o Brasil a entrar na “lista negra” da Organização Internacional do Trabalho (OIT), como país que desrespeita as convenções internacionais do trabalho. Mais informações sobre essa fato vexatório para o país podem ser lidas aqui: 

Partiu-se então para a “Reforma da Previdência”, cuja proposta do Governo faria os brasileiros trabalharem até uma idade mínima maior que a expectativa de vida de várias regiões do país, ou seja, obrigaria milhões de brasileiros a contribuírem com a previdência durante toda a sua vida e trabalharem até o dia de sua morte. Curiosamente, essa proposta de “reforma” não incluiu  os militares, ou seja, esses não perderiam nenhum de seus direitos (e privilégios) atuais.

Os mesmos militares que ajudaram o governo na desastrosa intervenção na segurança pública do Rio de janeiro, que gastou bilhões de reais sem efeito prático algum. E, recentemente, ajudaram a desmantelar a greve dos caminhoneiros. O mais curioso é que vários brasileiros, em apoio aos caminhoneiros, pediram a tal “intervenção militar”, mas foram exatamente os militares que ajudaram o governo a acabar com a greve. Se você for um desses brasileiros, sinto te dizer que você fez papel de idiota. Segue abaixo um link da BBC que mostra o protagonismo, inédito desde a redemocratização, de militares em cargos de alto escalão do governo. É impressionante: 

Especificamente em relação ao preço dos combustíveis, que levou à greve dos caminhoneiros, a responsabilidade óbvia é da bizarra política de preços da Petrobras, que beneficia empresas estrangeiras e acionistas em detrimento da economia interna. Segue, para ilustrar, excelente texto do professor Juremir Machado sobre a relação quase "afetiva" entre os grandes canais de mídia brasileiros com o ex-diretor da Petrobras, Pedro Parente, e sua bisonha política aplicada na estatal, com aval do "Sr. Mishell Temer", segundo citação do próprio Juremir:

O professor mostra no link acima de maneira muito simples e didática que a atuação anti-nacionalista dos colunistas dos grandes jornais e canais de TV é assombrosa e muito clara. Todos sabem das gordas verbas publicitárias do governo (todos os governos) para a grande mídia, que serve muitas vezes como moeda de troca para um apoio junto à opinião pública. Mas a relação do atual governo com a mídia é muito mais forte que isso, é ideológica. Há diversas vertentes de economistas no planeta, com muitas ideias e bases ideológicas diferentes. “Coincidentemente”, no Brasil, todos os analistas de economia de todos os grandes veículos de comunicação (Globo, Band, SBT, Record, Veja, Estadão, Folha...) possuem exatamente a mesma opinião e a mesma "linha de raciocínio" sobre qualquer tema. Essa "linha de raciocínio" é exatamente a linha praticada pelo governo, que é a linha que privilegia o mercado financeiro em detrimento das pessoas, que mede cada aspecto da vida de cada ser humano através de cifras e valores de ações na bolsa. É a vertente entreguista, que beneficia os bilionários donos dos meios de comunicação do Brasil, os quais só poderiam mesmo estar em sintonia com o governo mais entreguista da história da República, que tenta, dia após dia, destruir qualquer resquício de soberania que possa existir no país e entregar cada pedaço do patrimônio público (físico, estratégico e intelectual) para empresas estrangeiras.

Para terminar a tragédia, temos uma justiça que age por conveniência, de acordo com o tempo e com as convicções mais apropriadas para o momento atual, pautada principalmente por esses setores da mídia que citei acima. Temos uma Presidente do Supremo Tribunal que se encontra fora da agenda, tarde da noite, com o Presidente da República investigado. A mesma ministra que deu o voto de minerva para manter o principal líder da oposição atrás das grades. A propósito, esse líder foi processado e condenado em duas instâncias em um processo muito questionado por diversos especialistas em direito do mundo todo, em um tempo recorde, jamais visto em qualquer outro processo no país, exatamente o tempo  hábil para que o mesmo pudesse ser impedido de disputar a eleição presidencial, o que deixa um indício muito forte de se tratar de uma prisão puramente política.

Recapitulando então:

- REPRESSÃO
- ASSASSINATOS
- TORTURA
- MILITARISMO
- MÍDIA CONIVENTE 
- JUSTIÇA CONTROLADA
- PRESOS POLÍTICOS

Eu certamente não temo uma intervenção militar e um regime de exceção, porque, definitivamente, já estou vivendo em um.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Será enterrada parte da história de São Marcos?





Meu nome é Daniel Rech, sou engenheiro e trabalho há anos na área de transporte e mobilidade. Nasci na cidade de São Marcos, uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul, localizada na Serra Gaúcha.

Não importa o quanto longe se vá, não importa há quanto tempo se partiu, o local onde nascemos e crescemos irá sempre com a gente, é inevitável, define uma grande parte de quem somos. Quando recebi a informação de que está sendo planejado o asfaltamento da principal via central de São Marcos, que há mais de 60 anos é pavimentada com paralelepípedos, tive uma sensação de tristeza, mesmo não residindo mais na cidade.

Tecnicamente, esse projeto é questionável por diversos aspectos, a começar pela grande diminuição da taxa de permeabilidade do solo com a colocação do asfalto, o que é sempre preocupante, ainda mais em uma cidade que vem sofrendo com eventos de alagamento no centro cada vez mais frequentes.

O custo de manutenção de uma via asfaltada, da sinalização da mesma e das novas redes de drenagem que provavelmente serão necessárias será sempre mais alto em relação ao custo atual.

Especificamente em relação ao trânsito, a experiência nos mostra de maneira inequívoca que quando se asfalta uma rua, a velocidade média imprimida pelos veículos aumenta consideravelmente. Considerando que o excesso de velocidade é o principal fator de risco para “acidentes” de trânsito e atropelamentos, além de ser o principal fator agravante dos mesmos, essa medida é temerária e vai na contramão de todas as campanhas por um trânsito e uma cidade mais humanos e seguros. Imagino, por experiência própria, que no primeiro mês após o asfaltamento da via, a Prefeitura receberá diversos pedidos de moradores da rua solicitando a instalação de lombadas para reduzir a velocidade dos veículos.

Do ponto de vista legal, a medida também pode ser questionada, uma vez que a Lei Federal N° 12.587, de 03 de janeiro de 2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, estabelece como princípio básico a segurança no deslocamento das pessoas e institui como diretriz a prioridade dos modos de transporte não motorizados sobre os motorizados. O asfaltamento da via central da cidade é uma medida que visa claramente o contrário, ou seja, a priorização do automóvel.

Mas, mesmo conhecendo essas informações, não foi isso que me causou tristeza. O que realmente me incomoda é o fato de que a principal via central do Município é parte primordial da história do mesmo. Executando uma camada de asfalto sobre o pavimento atual, será enterrada uma pequena parte dessa história e, por consequência, uma pequena parte da história das pessoas que viveram ou vivem na cidade.
Uma cidade não aparece do nada, não se materializa do dia para a noite, uma cidade tem uma história, construída ao longo de muitos anos por muitas pessoas. Conhecendo e preservando essa história, podemos entender melhor quem fomos, quem somos e saber com muito mais clareza para onde queremos ir. Parece uma coisa pequena alguns paralelepípedos em uma rua central de um município do interior, mas acredito que não seja assim. Infelizmente, no Brasil, não temos uma cultura popular de preservação da nossa história e talvez até por isso tenhamos tanta dificuldade em definir uma identidade própria e encontrar as características comuns que nos definam como nação. 

Tenho a esperança de que um dia possa ser mudada essa história e essa consciência seja desenvolvida em grande parte da população. Espero que quando esse dia chegar ainda reste alguma coisa a ser preservada.

Gostaria de deixar bem claro que esse texto não tem qualquer pretensão de realizar críticas políticas ou fomentar qualquer polêmica, apenas resolvi externar meu sentimento e minha opinião em relação ao tema.


“Um povo que não conhece sua história está condenado a repetir seus erros”