sábado, 9 de abril de 2016

A inevitável queda da Rede Globo – PARTE 3: A vocação RACISTA

Continuando os textos anteriores, onde mostrei a queda de audiência da TV Globo ano após ano (http://www.francamente1909.blogspot.com.br/2016/02/a-inevitavel-queda-darede-globo-ha-anos.html) e a manipulação grosseira e destrutiva visando atender aos interesses de seus donos (http://www.francamente1909.blogspot.com.br/2016/03/a-inevitavel-queda-da-rede-globo-parte-2.html), vou tentar mostrar o racismo por trás da filosofia da emissora.

Talvez seus donos e diretores não odeiem negros, ao menos não direta e abertamente, mas o racismo é inerente a uma rede de televisão monopolista, criada pela ditadura para manter os privilégios da elite brasileira e defender a qualquer custo o “status quo” da nossa sociedade, o que faz de maneira eficiente e criminosa até os dias atuais.

Exatamente por isso, ao longo da história, a emissora sempre teve em seu quadro alguns jornalistas “especiais” preparados para atacar qualquer mínimo senso de autoestima da população pobre e negra do Brasil, sempre exaltando a superioridade de alguns cidadãos sobre outros.

Por exemplo, um dos jornalistas mais “importantes” da TV Globo ao longo de muitos anos foi O Sr. Paulo Francis, um sujeito que proferiu frases bizarras como “A descoberta do clarinete por Mozart foi uma contribuição maior do que toda a África nos deu até hoje”. Certa vez escreveu que o ex-Presidente Collor (amplamente apoiado pela TV Globo, como citei no texto anterior) era “alto, bonito, branco, ocidental”, e que por possuir tais “virtudes”, teria grandes chances nas negociações com banqueiros e chefes de Estado. Enfim, poderia ficar horas citando bizarrices como essas, mas para quem quiser saber mais sobre Paulo Francis, deixo aqui uma crônica de João Soares Neto publicada no Diário do Nordeste (http://www.joaosoaresneto.com.br/artigo.asp?id=333) e também a seguinte crônica de Nirlando Beirão (http://brasileiros.com.br/2010/03/paulo-francis-o-homem-bomba/).

Hoje esse papel de difundir o preconceito e aniquilar a autoestima da população negra e pobre cabe a “jornalistas” como o Sr. Alexandre Garcia. Poderia citar milhares de anomalias grosseiras e preconceituosas proferidas por esse cidadão, mas vou me ater a um caso recente em que disse que os alunos cotistas não possuíam méritos e “entraram pelos fundos” da universidade, ignorando completamente o fato de que a competição no Brasil sempre foi absolutamente desigual e a grande maioria das vagas nas universidades sempre foram reservadas para pessoas de classes média e alta, as quais sempre tiveram totais condições de preparação, um sistema absolutamente excludente e, obviamente, que mantinha o “status quo” que citei anteriormente.

Por isso que o próprio Alexandre Garcia fala besteiras do tipo “o Brasil não era racista até criarem as cotas”, pois quer que as pessoas acreditem na bobagem de que todos sempre tiveram a mesma oportunidade, porque a Rede Globo abomina qualquer mudança nesse sistema, por isso que sempre será contra toda medida que inclua pessoas e diminua a grotesca desigualdade e vulnerabilidade sociais do Brasil.

Ora, se todos sempre tiveram as mesmas oportunidades e nunca houve racismo no Brasil, por que raramente vemos médicos e juízes negros? Por que a imensa maioria da população negra está “largada” nas periferias das cidades? Mas nesse caso específico, gostaria que todos realmente ouvissem a resposta da professora Flávia Helen ao dito jornalista. Foi primorosa, vale muito a pena assistir. O vídeo encontra-se no seguinte link: http://www.tijolaco.com.br/blog/alexandre-garcia-e-professora-que-lhe-deu-uma-licao/.

Para finalizar esse assunto, vou mostrar apenas o mais recente dos estudos que mostram que os alunos cotistas têm desempenho igual ou superior aos demais. Esse estudo a seguir é na UFMG, mas podem buscar no Google que acharão muito mais: http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2015/05/01/internas_educacao,643018/desempenho-de-cotistas-na-ufmg-e-igual-ou-superior-aos-demais-alunos.shtml.


Obviamente não é só o jornalismo da Globo que é racista, toda a emissora tem o racismo no seu DNA. O jornalista Paulo Henrique Amorim cita em seu livro intitulado “O Quarto Poder” que o Sr. Roberto Marinho sempre deixou claro que não poderiam aparecer pessoas pretas, pobres e desdentadas no Jornal Nacional.

Não precisaria nem citar, porque é absurdamente flagrante que a distribuição de atores nas novelas e filmes da emissora é completamente diferente da proporção de raças da sociedade brasileira. No Brasil, mais da metade da população é formada por negros ou pardos, entretanto, na teledramaturgia da TV Globo, a gigantesca maioria dos atores são brancos e com o mesmo padrão de “beleza” que querem impor à sociedade brasileira.
Acham exagero? Então vejam a foto do concurso para bailarina do Faustão em 2013. No anúncio feito pelo site da própria emissora está escrito: "O concurso 'Bailarina do Faustão' tem mostrado a diversidade da beleza da mulher brasileira. Gatas para todos os gostos".








Chega a ser patético. Alguém consegue ver alguma diversidade nessa foto? Se conseguir, favor me mostrar aonde está, porque eu, sinceramente, enxergo apenas o mesmo padrão. Mais sobre esse “concurso” aqui, reportado pela Rede BBC: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150714_salasocial_faustao_diversidade_rs.

E por que os atores negros não boicotam a emissora? Bom, isso é óbvio e é exatamente um dos problemas do vergonhoso monopólio de comunicação do Brasil, eles simplesmente não têm opções. Para quem se interessar, tem um ótimo artigo do jornalista Marcos Sacramento sobre isso: http://www.folhadedourados.com.br/noticias/brasil-mundo/por-que-nenhum-ator-negro-brasileiro-jamais-fara-boicote-a-rede-globo.

Então não há espaço para mulheres negras na emissora, certo? Bom, aí tem um capítulo especial dessa história: a “mulata” globeleza. A mulata símbolo das transmissões do carnaval da Globo é uma mulher negra que representa a sexualidade do Carnaval. Como sabemos, essa sexualidade está relacionada ao sexo considerado “promíscuo”; ou seja, a mulher negra é associada a um objeto sexual descartável, sem que possua qualquer valor fora desse papel. Essa é uma mentalidade racista que existe desde os tempos de escravidão, quando mulheres negras escravizadas eram estupradas por homens brancos, que mantinham seus casamentos com mulheres brancas, mas usavam as negras de forma abusiva e violenta. A Globo está ainda no tempo da escravidão, embutindo essas ideias diariamente e em doses homeopáticas na nossa mente.

Mas o incrível mesmo é que a Globo é tão racista que mesmo a “mulata globeleza” pode ser considerada por eles como “negra demais”. Foi o que aconteceu com a dançarina Nayara Justino, selecionada por votação popular através de um concurso para ser a globeleza de 2014. Entretanto, após a colocação da vinheta do carnaval no ar, a dançarina sofreu rejeição de alguns doentes racistas, especialmente através de redes sociais, por ser “muito negra” e não se enquadrar no padrão “mulata”, além disso, foi absurdamente ofendida com todos os termos pejorativos e depreciativos que podemos imaginar. Incrivelmente, ao invés de defender sua contratada, a emissora prontamente a escondeu de toda a programação e, em 2015, encerrou o contrato com a Nayara e escolheu uma mulher que não fosse “tão negra” para assumir a função, obviamente, dessa vez, sem a votação popular. Esse episódio mostrou duas características absolutamente claras e históricas da emissora: o racismo e a total incompatibilidade da Rede Globo com a democracia. Acha que essa história é forte demais para ser verdade? Então assista à reportagem do jornal inglês “The Guardian” sobre o assunto: http://www.theguardian.com/news/video/2016/feb/09/brazilian-carnival-queen-too-black-nayara-justino-video?CMP=share_btn_gp. Ou ainda o ótimo artigo de Jarid Arraes na revista Fórum: http://www.revistaforum.com.br/2015/01/15/racismo-gente-ve-na-globo/.

Eu poderia citar muitos casos ainda, de como a TV Globo deturpa a história em seu jornalismo ou suas novelas, ou como a programação é recheada de estereótipos racistas em novelas ou programas de humor sem qualquer graça, mas para não me alongar muito, vou deixar apenas alguns links para quem se interessar e quiser ler um pouco mais sobre o assunto.

Racismo no quadro de “humor” no Fantástico que fala sobre a abolição da escravidão:

Deturpação da história na novela Sinhá Moça:

Estereótipos Racistas:


Em resumo, a rede Globo é uma emissora atuando em 2016, mas com o espírito ainda no tempo da escravidão. Se depender dos donos bilionários da emissora, nada nunca mudará no Brasil, seremos sempre um povo excludente, desigual, injusto e racista, onde as mulheres brancas serão sempre consideradas como padrão de beleza e as mulheres negras sempre servirão apenas para mostrar a bunda na televisão. Uma sociedade onde os brancos terão sempre acesso à educação e serviços de qualidade e os negros permanecerão nas periferias, sem estudo, prestando serviços aos primeiros. Onde qualquer prática política ou social que vise atacar problemas de desigualdade e que promova a inclusão social, política ou cultural será duramente atacada e, se possível, exterminada pela emissora e por seus parceiros.

Por isso, prestem sempre atenção quando a Rede Globo elege um inimigo público (políticos, membros da sociedade civil, movimentos sociais...), porque às vezes os interesses dos donos da emissora são muito pouco nobres e a programação da mesma visa apenas atender a esses interesses, mantendo sempre os privilégios de poucos e atacando duramente quem ouse contrariá-los.

Vou citar ainda como a Globo influenciou, manipulou e prejudicou o futebol brasileiro, ganhando fortunas às custas de acordos e esquemas nada convencionais, mas isso é assunto para um próximo texto.

NÃO SEJA CONIVENTE COM A DISCRIMINAÇÃO E COM O PRECONCEITO, DESLIGUE DESSE CANAL. 

Um comentário:

  1. Percebo a atitude grosseira da globo desde que Nayara Justino foi substituída, depois de vencer o concurso para Globeleza, porque o público não a aceitou por ser ''muito'' negra e não mulata como as anteriores. A partir daí coloca-se Maju para apresentar o tempo no Jornal Nacional e nota-se claramente o tratamento diferente para com a moça, se compararmos o relacionamento, digamos, mais frio e profissional que o seu apresentador mantera com as outras. A começar pelo seu nome, mais informal, as brincadeiras e o 'flerte' no ar demonstram claramente o tom condescendente do apresentador William Bonner para com a jornalista. Um tom e um tratamento que soa aos olhos e ouvidos ávidos dos fofoqueiros como um suposto 'affair' entre os dois: ah vá, é muito mais profundo e grotesco do que isso. Só faltaria Bonner colocá-la no colo e dizer ''Ela não é linda? Ela não é inteligente? Que maravilhoso não? Minha querida!''. Temos então o tema do racismo constantemente abordado em programas como os de Fátima Bernardes e Regina Casé como nunca antes, estereotipado nas novelas. Temos agora uma série a respeito da escravidão, temos campanhas contra o racismo. Pergunta: houve campanhas para defender Nayara Justin? Sei que meu comentário é raso e que há muitos mais há se falar mas a pior parte da rede Globo está nas entrelinhas, nos detalhes, na dramaturgia, na sua hipocrisia e na sua porca condescendência.

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